Músicos franceses degustaram e interpretaram o vinho espumante com influências brasileiras
Da redação - Publicado em 04/12/2020, às 16h00
"Chardonnay é mais o violino, essa espinha dorsal do frescor. Pinot Noir é mais o baixo, ou os trombones dando estrutura e maturidade". Quem conhece o universo de Olivier Krug e sua poderosa champagne entende as frases comparativas do diretor da Maison, representante da sexta geração da família de vinicultores, digamos assim, musicais.
Através do projeto Krug Echoes, a cada ano, a Krug convida músicos de alta categoria para uma degustação prolongada de seus champagnes e a posterior seleção de listas, e criação de peças musicais que reflitam seus sentimentos ao beber os preciosos líquidos.
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A lista traz nomes como o pianista americano Kris Bowers, vencedor do Emmy e compositor de trilhas sonoras como a do filme Green Book - O Guia, e o produtor belga Ozark Henry, que já levou música eletrônica de vanguarda à orquestra nacional de seu país.
Mas é a dupla francesa de piano e violino formada por Vincent Mussat e Hugo Boulanger que experimentou sentimento relacionado à música brasileira ao degustar ("de olhos fechados", como aconselha Olivier) a Krug Rosé, entre outros rótulos.
"Para nos aproximarmos da natureza surpreendente e festiva do Krug Rosé, decidimos viajar para a América Latina, com um ritmo de Bossa Nova. Essa música efetivamente transmite uma instabilidade rítmica surpreendente que reflete a combinação de distinção e ousadia da Krug Rosé", escreve a dupla, no site da Maison.
O Krug Echoes envolve ainda um aplicativo que indica a 'harmonização' musical de cada garrafa, através de um código impresso nos rótulos, e mantém acesa uma tradição familiar.
Segundo Olivier, seus antepassados sempre entenderam o universo de sensações da champagne através de harmonias e melodias. Ele conta que seu bisavô teve um salão de música nas décadas de 1920 e 1930, e que as notas de degustação que seu pai escrevia eram cheias de analogias musicais. "Não eram descrições, mas sensações. Era muito mais sobre o sentimento", lembra.
A metáfora da orquestra é sempre usada na Krug para descrever a complexa mistura de centenas de vinhos de base que dão origem ao Grande Cuvée de Krug. A 168ª edição, recém-lançada, contém 198 vinhos diferentes, de 11 safras distintas.
Não é nova a conclusão de que a música tem papel importante na percepção do sabor pelo nosso cérebro, e os estudos permanecem em curso. O professor Charles Spence, da Universidade de Oxford, um dos principais pesquisadores da área, escreveu em artigo recém-publicado na revista Cognitive Research:
"Um corpo crescente de pesquisas experimentais sobre vinhos demonstra que vários fatores contextuais, incluindo tudo, desde a cor da iluminação ambiente até a música de fundo, podem exercer uma influência profunda e, em alguns casos previsível, sobre a experiência da degustação".